quinta-feira, 26 de março de 2020

Atividade De Português, 8º Ano

Escola Est. Olímpio Alves
Lista de Atividades L. Portuguesa  – Prof. Dailzi Frauzino – Data___/___/___       
Aluno _________________ _________________________Turma 8º ___ 1º Bimestre

Leia o texto e responda:

Eram tempos menos duros aqueles vividos na casa de Tia Vicentina, em Madureira, subúrbio do Rio, onde Paulinho da Viola podia traçar, sem cerimônia, um prato de feijoada - comilança que deu até samba, “No Pagode do Vavá”. Mas como não é dado a saudades (lembre-se: é o passado que vive nele, não o contrário), Paulinho aceitou de bom grado a sugestão para que o jantar ocorresse em um dos mais requintados italianos do Rio. A escolha pela alta gastronomia tem seu preço. Assim que o sambista chega à mesa redonda ao lado da porta da cozinha, forma-se um círculo de garçons, com o maître à frente. [...]

Paulinho conta que cresceu comendo o trivial. Seu pai viveu 88 anos à base de arroz, feijão, bife e batata frita. De vez em quando, feijoada. Massa, também. “Mas nada muito sofisticado. ”

Com exceção de algumas dores de coluna, aos 70 anos, goza de plena saúde. O músico credita sua boa forma ao estilo de vida, como se sabe, não dado a exageros e grandes ansiedades.
T. Cardoso, Valor, 28/06/2013. Adaptado.

01) Tendo em vista o contexto, pode ser lida em duplo sentido a palavra sublinhada na seguinte frase do texto:
A) “Mas como não é dado a saudades”.
B) “Paulinho aceitou de bom grado a sugestão”.
C) “A escolha pela alta gastronomia tem seu preço”.
D) “forma-se um círculo de garçons, com o maitre à frente”.
E) “O músico credita sua boa forma ao estilo de vida”.

02) Segundo o texto, Paulinho da Viola
A) prefere não se lembrar de sua origem suburbana.
B) comporta-se de modo a evitar o estresse.
C) aprecia frequentar restaurantes sofisticados.
D) procura não ser influenciado pelo pai, quanto a hábitos alimentares.
E) valoriza mais o passado do que o presente.

Argumento (Paulinho da Viola)

Tá legal
Eu aceito o argumento
Mas não me altere o samba tanto assim
Olha que a rapaziada está sentindo a falta
De um cavaco, de um pandeiro
Ou de um tamborim.
Sem preconceito
Ou mania de passado
Sem querer ficar do lado
De quem não quer navegar
Faça como um velho marinheiro
Que durante o nevoeiro
Leva o barco devagar.
03) Se a expressão “mania de passado”, usada na letra da canção, for comparada à frase do primeiro texto “é o passado que vive nele, não o contrário”, quanto ao sentido que assumem no contexto, é correto afirmar que a referida expressão:
A) é uma crítica a um comportamento, o qual está sugerido no trecho “não o contrário”.
B) contradiz o que a frase pretende transmitir a respeito do modo de pensar do compositor.
C) deve ser entendida de forma positiva assim como o trecho “é o passado que vive nele”.
D) refere-se a maneiras de pensar coletivas, ao contrário da frase, que considera apenas o aspecto individual.
E) atribui à palavra “passado” um sentido diverso do que esse termo assume na frase citada.

04) Antigamente as moças chamavam-se “mademoiselles” e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhe pé de alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. (...) Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar a fresca; e também tomavam cautela de não apanhar o sereno. Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, chupando balas de alteia. Ou sonhavam em andar de aeroplano. Estes, de pouco siso, se metiam em camisa de onze varas e até em calças pardas; não admira que dessem com os burros n’água. Carlos Drummond de Andrade Sobre o excerto acima, retirado da crônica “Antigamente”, assinale a alternativa correta.
a) A linguagem culta formal é opção feita pelo autor, mas acaba sendo prejudicada pelos arcaísmos, que tornam o texto obsoleto.
b) A linguagem do texto apoia-se em uma variante linguística que demonstra o movimento de mudanças constantes que as línguas sofrem, através do tempo.
c) Por empregar expressões em desuso, existentes apenas nos dicionários, o texto desperta interesse apenas dos mais idosos.
d) Contém erros grosseiros, como o uso de palavra estrangeira, expressões incompreensíveis como “pé de alferes”, “faziam o quilo”, “de pouco siso” etc.
e) O saudosismo do autor confere ao texto um tom muito triste, nostálgico.

A invasão  -  Luís Fernando Veríssimo.
A divisão ciência/humanismo se reflete na maneira como as pessoas, hoje, encaram o computador. Resiste-se ao computador, e a toda a cultura cibernética, como uma forma de ser fiel ao livro e à palavra impressa. Mas o computador não eliminará o papel. Ao contrário do que se pensava há alguns anos, o computador não salvará as florestas. Aumentou o uso do papel em todo o mundo, e não apenas porque a cada novidade eletrônica lançada no mercado corresponde um manual de instrução, sem falar numa embalagem de papelão e num embrulho para presente. O computador estimula as pessoas a escreverem e imprimirem o que escrevem. Como hoje qualquer um pode ser seu próprio editor, paginador e ilustrador sem largar o mouse, a tentação de passar sua obra para o papel é quase irresistível. Desconfio que o que salvará o livro será o supérfluo, o que não tem nada a ver com conteúdo ou conveniência. Até que lancem computadores com cheiro sintetizado, nada substituirá o cheiro de papel e tinta nas suas duas categorias inimitáveis, livro novo e livro velho. E nenhuma coleção de gravações ornamentará uma sala com o calor e a dignidade de uma estante de livros. A tudo que falta ao admirável mundo da informática, da cibernética, do virtual e do instantâneo acrescente-se isso: falta lombada. No fim, o livro deverá sua sobrevida à decoração de interiores.
05) Em “falta lombada” (2º parágrafo), o cronista se utiliza, estilisticamente, de uma figura de linguagem que;
A) representa uma imagem exagerada do que se quer exprimir.
B) se baseia numa analogia ou semelhança.
C) emprega a palavra que indica a parte pelo todo.
D) emprega a palavra que indica o todo pela parte.
E) se baseia na simultaneidade de impressões sensoriais.
 A HONRA PASSADA A LIMPO

Sou compulsiva, eu sei. Limpeza e arrumação.
Todos os dias boto a mesa, tiro a mesa. Café, almoço, jantar. E pilhas de louça na pia, e espumas redentoras. Todos os dias entro nos quartos, desfaço camas, desarrumo berços, lençóis ao alto como velas. Para tudo arrumar depois, alisando colchas de crochê.
Sou caprichosa, eu sei. Desce o pó sobre os móveis. Que eu colho na flanela. Escurecem-se as pratas. Que eu esfrego com a camurça. A aranha tece. Que eu enxoto. A traça rói. Que eu esmago. O cupim voa. Que eu afogo na água da tigela sob a luz. E de vassoura em punho gasto tapetes persas.
Sou perseverante, eu sei. À mesa que ponho ninguém senta. Nas camas que arrumo ninguém dorme. Não há ninguém nesta casa, vazia há tanto tempo.
Mas sem tarefas domésticas, como preencher de feminina honradez a minha vida?
Contos de amor rasgados – Marina Colasanti

06) Observa-se que, no texto 3, há uma narradora descrevendo suas ações cotidianas. Pode-se afirmar que essa narradora faz um julgamento sobre si mesma e seu comportamento. Qual das passagens retiradas do texto confirma essa afirmação?
“Sou compulsiva, eu sei.”
“À mesa que ponho ninguém senta.”
“Não há ninguém nesta casa vazia há tanto tempo.”
“Desce o pó sobre os móveis. Que eu colho na flanela.”
A escolha da linguagem utilizada pela autora não é aleatória. O vocabulário utilizado tem a intenção de enfatizar o perfeccionismo com que a narradora tenta desempenhar suas tarefas domésticas. Todas as expressões destacadas exemplificam esse ato, EXCETO
“...alisando colchas de crochê.”
“Que eu esfrego com a camurça...”
“Todos os dias boto a mesa, tiro a mesa...”
“E de vassoura em punho gasto tapetes de persas.”

7) Releia o 3º parágrafo do texto.
Os enunciados que aparecem tiveram sua estrutura modificada. Em uma das alternativas, essa modificação alterou o sentido básico do enunciado, introduzindo-lhe uma ambigüidade. Assinale essa alternativa.
Desce o pó sobre os móveis. Que eu colho na flanela.
      Eu colho na flanela o pó que desce sobre os móveis.
Escurecem-se as pratas. Que eu esfrego com a camurça.
      Com a camurça eu esfrego as pratas que escurecem.
A aranha tece. Que eu enxoto.
      A aranha que tece eu enxoto.
O cupim voa. Que eu afogo na água da tigela sob a luz.
      Eu afogo o cupim na água da tigela que voa sob a luz. 

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